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- A filha perdida, de Maggie Gyllenhaal: alteridades e ambivalênciasPublication . Machuca, Jaqueline CastilhoDirigido por Maggie Gyllenhaal, o filme A filha perdida, adaptado do romance homônimo escrito por Elena Ferrante, narra as férias de Leda, uma professora universitária que questiona a própria maternidade ao entrar em contato com uma jovem mãe e sua filha. Em um incômodo jogo de espelhos, a protagonista mergulha em seu passado, expondo gradativamente sua biografia e surpreendendo o espectador com revelações familiares. A proposta dessa recensão é analisar o longa-metragem na chave da alteridade e discutir as motivações das personagens a partir do encontro e do conflito de gerações, sobretudo na perspectiva das ambivalências da maternidade. Temas como envelhecimento, liberdade sexual feminina, casamento, emergem da narrativa cinematográfica, lançada em 2021, e protagonizada por Olivia Colman. Um dos objetivos é examinar o filme com vistas ao O segundo sexo, de Simone de Beauvoir (2019), para quem a mulher não nasce mulher, torna-se mulher, já que as pressões sociais e os ajustes demandados pela configuração patriarcal delineiam o feminino.
- O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneoPublication . Machuca, Jaqueline CastilhoPara além de tematizar a luta de classes - de forma orgânica e extremamente violenta - O poço (2019), dirigido pelo basco espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, é um filme cujo protagonista se assemelha a um herói medieval. A fim de alimentar igualmente os detentos dos 333 andares de uma prisão vertical, Goreng, interpretado por Iván Massagué, é o mártir do enredo, sacrificando-se pelo “bem comum”, ainda que isso custe outras vidas. Repleto de intertextualidades com clássicos literários, como Dom Quixote e A divina comédia, a longa se ambienta nesse território claustrofóbico de privação de liberdade. A proposta dessa recensão é analisar a narrativa na perspectiva de Michel Foucault, para o qual o sistema carcerário atual, embora tenha apagado o corpo supliciado, esquartejado, amputado, nos seus dispositivos mais explícitos, ainda aplica certas medidas de sofrimento físico. No filme, o vigiar e punir - como propõe a estrutura do panóptico - também é reflexo das relações de poder, não apenas entre uma administração invisível que prepara banquetes que nunca chegam aos últimos andares, como no trato entre os pares que dividem as celas e entre aqueles que estão nas plataformas superiores e inferiores.