A Terra como Acontecimento II

Castro, Romy

http://hdl.handle.net/10400.13/5836

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Castro, Romy

Abstract(s)

O projecto artístico e geofilosófico “A Terra como Acontecimento” na sua vertente cinematográfica opera uma problematização da relação à Terra e à natureza. Trata-se de um projeto transdisciplinar que, pela sua essência, leva à aparição de novas imagens da Terra, questionando a noção de território, historicamente e etologicamente marcada. Sente-se crescentemente que a lógica territorial que captura a terra está a chegar a um momento crítico, de que a crise climática e a entrada no Antropoceno são um indício importante. No filme “A Terra como Acontecimento II” pelo seu uso das matérias, pela transdução das artes que desenvolve, opera uma desterritorialização acentuando a deslocalização das matérias e interrogando-as na sua originalidade quase pré-humana. Apenas o cinema tem a capacidade de desterritorializar a lógica das fronteiras históricas, sem reterritorialização ilusória. A aparição da terra na sua elementaridade tal como o cinema lhe dá lugar sem a dominar, cruzada com frases também elas nomádicas, que pontuam o vídeo, abre possibilidades políticas para o pensar da relação com a Terra e a comunidade dos que nela habitam. Está em causa uma expressão criativa que pretende intervir e dar visibilidade a outras possibilidades do habitar da Terra. Mas que visa igualmente um outro propósito mais amplo, chamar a atenção para o lugar do homem na história planetária, porque o momento é decisivo, e conferir o máximo de lucidez quanto aos riscos que impendem.

The artistic and geophilosophical project "The Earth as Event," in its cinematographic aspect, operates a problematization of the relationship to the Earth and nature. It is a transdisciplinary project that, by its essence, leads to new images of the Earth, questioning the historically and ethologically marked notion of territory. There is a generalized feeling that the territorial logic that captures the Earth is reaching a critical moment, of which the climate crisis and the entry into the Anthropocene is a strong indication. The film “The Earth as Event II”, through its use of materials and the transduction of the arts that it develops, operates a deterritorialization, accentuating the displacement of materials and questioning them in their almost pre-human originality. Only cinema has the potency to deterritorialize the logic of historical borders without illusory reterritorialization. The appearance of the Earth in its elementality, as cinema gives way to it without dominating it, crossed with phrases that are also nomadic, which punctuate the video, opens up political possibilities for thinking about the relationship with the Earth and the community of those who inhabit it. We are dealing with a creative expression that intends to intervene and give visibility to other possibilities of inhabiting the Earth. But it also aims at another, broader purpose: to draw attention to man's place in planetary history, because the moment is decisive, and to confer maximum lucidity regarding the impending risks.