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University of Madeira Institutional Repository

 

Recent Submissions

O futuro todo de uma vez
Publication . Fino, Carlos Nogueira; Fino, Carlos
Um dos problemas da educação é a memória, ou a sua falta. Outro, é o sim plismo dos que consideram que a história da educação começou no momento em que, pela primeira vez, pensaram nela. E, se isto é muitas vezes verdade entre os que praticam a escola vulgar de Lineu, a que tem muros, turmas, pro gramas, livros de texto (sejam eles em papel ou exilados em tablets) currículo expresso e oculto, alunos, professores, auxiliares da ação educativa, técnicos de laboratório, funcionários administrativos, etc., é ainda verdade maior entre a nova elite da virtualização da instrução. Para não falar dos que, alcandorados a funções de gestão política da educação, acreditam que sabem por inerência e o futuro é o que resultará das suas decisões executivas e/ou legislativas. Mas, neste texto, os alvos da minha reflexão são aqueles que, acreditan do que o futuro da escola é o que conseguem imaginar, e a sua imaginação é um olhar de sentido único, atraído pelo brilho dos gadgets tecnológicos, que cega o contexto e oblitera o passado da educação, como se não tivesse existido, ou tivesse acontecido numa espécie de idade das trevas. No entan to, bastaria recuar menos de cem anos para percebermos como a tecnolo gia foi sendo utilizada, invariavelmente ligada aos processos de instrução, ao abrigo de um eficientismo determinista muitíssimo pouco sofisticado e absolutamente redutor, que não mudou a escola física nem o seu destino. E bem poderia, se tivesse havido mesmo imaginação e vontade, como bem demonstrou Papert (1980, 1986, 1990, 1991, 1993), pedagogo eminentíssimo da área da tecnologia, respaldado pelos contributos dos teóricos críticos e pós-críticos da escola e do currículo, de produção tão abundante e profun da, quão profunda é a ignorância generalizada e contumaz dos que os igno ram. Enfim, há sempre alguém a pregar no deserto e, na maioria das vezes, os profetas são tidos por loucos, sobretudo se propõem heterodoxias.
Lições pós-pandemia: rumo a modelos híbridos no Ensino Superior
Publication . Area-Moreira, Manuel
Este ensaio apresenta algumas das ideias mais importantes apresenta das na conferência intitulada Ensino híbrido na educação universitária: Aulas pós-pandemia realizada no XVIII COLÓQUIO CIE-UMa (Universidade da Madeira) em dezembro de 2022. Em primeiro lugar, começamos por nos referir à experiência pandémica de uso forçado de tecnologia conhecida como Ensino Remoto Emergencial. Continuamos com uma caracterização do que é ensino híbrido ou aprendi zagem semipresencial, exemplificando-a com um caso ou experiência de senvolvida na Universidade de La Laguna (Ilhas Canárias). Este ensaio ter mina concluindo sobre a necessidade de desenvolver políticas educativas específicas em cada universidade destinadas a promover tanto os processos de digitalização dos seus cursos como das práticas docentes.
Lições da pandemia
Publication . Kot-Kotecki, Ana França; Fino, Carlos Nogueira; França Kot-Kotecki, Ana Maria; Fino, Carlos
Em março de 2020, a generalidade das escolas viu-se perante o dilema de ter de fechar as portas e de, ao mesmo tempo, continuar a funcionar, mantendo-se os alunos e os professores confinados às suas casas. Esse dilema condicionou profun damente os anos letivos de 2019-2020 e 2020-2021. Apesar de a ideia de ensino a distância não ser nova, a necessidade da sua gene ralização repentina, à escala dos sistemas educativos, apanhou todos de surpresa, de pouco valendo as experiências acumuladas ao longo de décadas, envolvendo meios como os correios, a rádio, a televisão e, mais recentemente, as plataformas digitais e os dispositivos móveis. Igualmente pouca utilidade foi encontrada no enorme acervo de textos acadé micos, incluindo os que estavam publicados nas revistas científicas de maior fator de impacto, sobre os vários heterónimos da educação à distância, para ajudar os professores no seu novo papel de estar presente apenas virtualmente. E, boa parte das vezes, falhos das competências e dos meios técnicos indispensáveis. Valeram-nos as aplicações de suporte de videoconferências online e, mesmo as sim, de maneira desigual: além da questão das competências, os acessos à rede, quer por parte dos alunos, quer por parte dos professores, não era a mesma, in cluindo a falta absoluta de sinal nalgumas residências e, em muitos casos, impos sibilidade de as famílias custearem o preço dos equipamentos indispensáveis. Para não falarmos da nova organização do trabalho docente, em que os professores se viram forçados a misturar as suas vidas profissionais com as suas vidas privadas, uma vez que foram obrigados a trabalhar nas próprias casas, onde estavam confi nados com as suas famílias. Ou seja, houve lares em que cada um dos progenitores exercia a sua atividade profissional à distância e os seus filhos assistiam a aulas on line ou requeriam simplesmente atenção, em espaços muitas vezes exíguos. Houve professores empurrados para situações de burnout. E acresce a tudo isso, o facto de o Estado ter descarregado para cima das famílias a responsabilidade pela maior parte dos custos de funcionamento da “nova” escola online. Apesar de a escola habitual, isto é, a nossa velha conhecida escola fabril, ter regressado, está por fazer o ponto da situação pós-pandemia: o que é que todos aprendemos com o pesadelo que tivemos de enfrentar?