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- A arte sem mestre: ‘Estilo tardio’ em Herberto Helder e outros poetasPublication . Silva, Rui GuilhermeGilgamesh, Mimnermo ou o Qohélet confrontam-se com a mesma velhice que atormenta os dramas de Édipo, Lear ou Fausto; ou do antigo Jasão de Cleandro, de Kavafis, e do moderno J. Alfred Prufrock, de Eliot. Coincidente (ou não) com a velhice biográfica, a crítica tem vindo a confirmar a existência de um ‘estilo tardio’, definido por um conjunto de traços comuns às últimas obras de diferentes artistas. A partir dos estudos pioneiros de Theodor W. Adorno (de 1937), que reconhece na última fase de Beethoven a sua própria Ästhetische Theorie, Edward Said (2006) e John Updike (2007) desenvolvem esta hipótese aplicando-a aos casos de Lampedusa, Kavafis, Melville ou Joyce.Este ensaio apresenta uma leitura das últimas obras de Herberto Helder – de Servidões (2013) ao póstumo Letra Aberta (2016) – conduzida pelas representações da velhice e pelas marcas de um ‘estilo tardio’ nelas presentes. A pulsão erótica serôdia, a angústia do desterro social ou o regresso aos lugares da infância são comuns às últimas obras deste e de outros poetas; a encenação de “gestos irascíveis” (Adorno), de um “fluxo de energia geriátrica” (Updike), de “intransigências, dificuldades e contradições não resolvidas” (Said) – que respondem ao fantasma da obra anterior (ainda Updike) – serão outros traços do ‘estilo tardio’ de Herberto Helder. O tema da velhice ou o exercício da emulação poética convocam, entretanto, vários outros poetas portugueses.