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Senegal - Escolas Daraa: o currículo da escravidão

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A constituição senegalesa, no seu artigo primeiro, define o país como Estado laico. Contudo, a comunidade é, na sua maioria, muçulmana. As crianças entre os 4 anos e os 12 anos são entregues a marabus - líderes muçulmanos altamente respeitados pela população e pelas autoridades locais -, fiéis à tradição de incutir uma educação religiosa e moral aos rapazes que se formam nas escolas corânicas, chamadas daaras. De acordo com a Human Rights Watch pelo menos 50 000 rapazes, conhecidos como talibés, são forçados a mendigar nas ruas senegalesas durante longas horas, por professores hostis, conhecidos como marabus. No entanto, entre 2008 e 2013, o Senegal recebeu da União Europeia (UE) 340.3 milhões de euros. Em 2016 a UE libertou cerca de 60 milhões para projetos de parceria e em 2017 contribuiu com 4.1 milhões de euros na ajuda humanitária de combate à subnutrição que atinge 20.400 crianças naquele país. Este investimento não foi o suficiente para libertar milhares de crianças, que aos olhos de todos nós, são transformadas em máquinas de pedincha sob o argumento da disciplina e da educação. Este trabalho pretende ser a descrição da submissão à escravatura pelo currículo, onde o abuso de poder sobre a pobreza demonstra a visão althusseriana do currículo como instrumento de poder. Acima de tudo, identifica o pior que pode a educação ter: o espezinhamento da infância e a curvatura da adolescência. Neste artigo irei procurar contar a história do fotojornalista Mário Cruz que passou cerca de um mês e meio, em 2015, entre a Guiné-Bissau e o Senegal, a reunir fotografias com o objetivo de expor a realidade das crianças nas escolas Daara, academias tradicionais corânicas que não pertencem ao sistema educativo formal senegalês, para onde as famílias enviam os seus "meninos", os talibés, para que sejam educados numa tradição religiosa e moral muçulmana. O fotojornalista revelou que aquilo que viu e fotografou foi “terrível” e que o que existe no Senegal não é um sistema de educação, mas sim um sistema de “exploração”, em que crianças entre os cinco e os quinze anos se encontram obrigadas a “estar mais de oito horas a pedir esmolas”, sendo possível ver-lhes o “medo nos seus olhos perante a indiferença da sociedade senegalesa”. Mário Cruz alertou, ainda, para o facto de ter visto crianças a serem “espancadas” na sua presença. Mas teremos de recuar até antes do domínio francês para perceber estas escolas. As escolas corânicas, ou daaras, existentes antes do domínio colonial francês, eram dirigidas por marabus e os estudantes, atualmente, conhecidas como talibés. Os talibés viviam, vários anos, com o marabu na escola corânica, sem qualquer tipo de contacto com familiares. A mendigagem acontecia quando a colheita não era suficiente para abastecer as carências alimentares dos talibés residentes.

Description

Keywords

Senegal Escolas Daara Currículo Poder Escravidão . Faculdade de Ciências Sociais

Pedagogical Context

Citation

RODRIGUES, Liliana . SENEGAL – ESCOLAS DAARA: O CURRÍCULO DA ESCRAVIDÃO.. In: Anais do V Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares e VI (IN)FORMACCE - 2021. Anais...Salvador(BA) FACED-UFBA (ONLINE), 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/vcoloquiolusoafrobrasileirodecurriculo/420874-SENEGAL--ESCOLAS-DAARA--O-CURRICULO-DA-ESCRAVIDAO. Acesso em: 19/08/2024

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